quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Acordo deve agravar “racha” peemedebista

A iminente adesão da bancada do PMDB na Assembleia Legislativa ao governo Beto Richa (PSDB) deve agravar ainda mais a crise de identidade e as divisões internas no partido, que vem desde a eleição de 2010. Hoje, a legenda está dividida em pelo menos três grupos que não se entendem entre si: os deputados estaduais e federais, o senador Roberto Requião e o ex-governador Orlando Pessuti. Requião e Pessuti brigaram ainda antes do início da campanha do ano passado, e desde então romperam relações.
Enquanto o senador e o ex-governador não se entendem, os deputados trataram de cuidar da própria sobrevivência política. Alguns poucos que ainda não haviam aderido ao governo na Assembleia ainda tentaram uma operação para atrair o ex-deputado federal Gustavo Fruet de volta ao partido, com a perspectiva de ter um candidato competitivo à prefeitura de Curitiba. Requião, porém, lançou-se e foi eleito presidente do partido na Capital, e vetou o retorno de Fruet, lançando o ex-deputado estadual Rafael Greca como pré-candidato.
O veto acabou tendo como efeito jogar de vez a bancada peemedebista no “colo” do governo e do PSDB, afastando ainda mais a possibilidade do PMDB manter no Estado a parceira com o PT. Sem perspectiva concreta de poder, os deputados do partido afirmavam que não teriam outro caminho que não se somar ao projeto tucano no Estado. No plano federal, os peemedebistas integram a base do governo Dilma Rousseff, e a expectativa dos petistas era ter o apoio do partido para a candidatura da ministra Gleisi Hoffmann ao governo contra Richa em 2014.
Nos últimos dias, os deputados estaduais Nereu Moura e Waldyr Pugliesi - esse último presidente do partido no Paraná - já haviam admitido que o partido estaria próximo de um acordo com o governo e o PSDB. Moura, inclusive, alegou que os deputados se sentiam “abandonados” pelo PT. Segundo ele, apesar de ter três ministros no governo Dilma, ninguém do comando petista teria procurado os parlamentares da legenda para oferecer apoio, enquanto Richa acenava com um acordo com os tucanos no Estado.
Pelo lado de Richa, a aproximação com o PMDB representa um reforço que pode ser decisivo. Nas eleições do ano passado, o tucano venceu na maioria dos municípios mais populosos, mas perdeu nas cidades pequenas, onde o PMDB tem grande representatividade. O partido segue com o maior número de prefeitos e vereadores, o que garantia ao governador a “capilaridade” necessária para se fortalecer para as próximas eleições. Além disso, com a maior bancada na Câmara Federal, tem também o maior tempo na propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão, outro trunfo
considerável na negociação com os tucanos. (IS)


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